Gravidez anembrionária ou gestação anembrionada: uma causa comum de perda gestacional.

A gravidez anembrionária ou gestação anembrionada é um tipo comum de perda gestacional ou aborto espontâneo. Neste post irei falar apenas sobre gravidez anembrionária ou gestação anembrionada, para outras causas de perdas gestacionais ver links (alteração do cariótipo dos pais; trombofilia; alteração de tireóide; luto pós-perda gestacional).

Na sobre gravidez anembrionária ou gestação anembrionada ocorre uma perda gestacional muito precoce, durante o primeiro trimestre. O casal normalmente engravida em casa, sem uso de tecnologia de reprodução assistida. Assim que ocorre um atraso menstrual, a mulher realiza o exame de farmácia ou no laboratório, o beta-HCG, em que este dá positivo.

Uma vez que o beta-HCG dá positivo, é realizado a ultrassonografia transvaginal. Nesta ultrassonografia observa-se apenas o saco gestacional e nenhum embrião. O blastocisto (embrião) é formado a partir da fecundação do óvulo pelo espermatozoide, mas o feto nunca se desenvolve.

Do ponto de vista do estudo material do aborto, mesmo na gravidez anembrionária ou gestação anembrionada pode ser encontrado material fetal. Este, se possível, deve ser realizado o exame do cariótipo dos restos ovulares, indico o Afero, teste genético realizado pelo laboratório Chromosome Medicina Genômica.

A principal causa da gravidez anembrionária ou gestação anembrionada são as alterações cromossômicas do embrião: as aneuploidias, em especial as trissomias. Sempre relato que as três primeiras semanas do embrião são cruciais para ele. Existe uma espécie de padrão de qualidade ou “ISO9001” do corpo humano, que não permite o embrião se desenvolver.

Caso esta alteração cromossômica passe pelo padrão de qualidade do nosso corpo, pode ocorrer uma malformação congênita muito grave, como a trissomia do 18 ou síndrome de Edwards. A trissomia do cromossomo 16 é a principal causa cromossômica de perda gestacional e não causa nenhum quadro de malformação congênita. As aneuploidias, em especial as trissomias, tem relação com a idade materna.

O ideal é sempre buscar um médico geneticista para elucidação correta do diagnóstico, e posterior realização do aconselhamento genético, com a solicitação de exames complementares corretos na hora correta. Muitas vezes os obstetras não solicitam o estudo do material do aborto o que atrapalha na elucidação diagnóstica.

Caio Graco Bruzaca

Author Caio Graco Bruzaca

Médico geneticista pela Unicamp e Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica (SBGM). Atuo em genética de casais (perda gestacional recorrente, infertilidade, casais de primos), medicina fetal, oncogenética e doenças raras.

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