O consumo de álcool durante a gestação pode levar à síndrome alcoólica fetal (SAF) — uma condição grave e completamente evitável. A SAF pode ocorrer em bebês cujas mães consumiram qualquer quantidade de álcool durante a gravidez, em qualquer fase gestacional. Os efeitos podem incluir alterações físicas, distúrbios comportamentais e de aprendizado, e até mesmo deficiência intelectual.
Recentemente, em um grupo de discussão entre médicos geneticistas, recebi o print de uma conversa: uma paciente comemorava a descoberta da gravidez, e o médico que a atendia sugeriu que ela abrisse uma garrafa de champanhe para brindar à tão sonhada gestação. O profissional, infelizmente, não se atentou às recomendações médicas relativas ao consumo de álcool na gestação. Dentre todas as drogas recreativas, o álcool é a mais prejudicial ao feto.
A síndrome alcoólica fetal ocorre quando a gestante ingere álcool, o qual passa para o bebê pela corrente sanguínea através do cordão umbilical. Quando a mãe bebe, o bebê também “bebe” — e isso pode gerar danos irreversíveis.
Não existe quantidade segura de álcool durante a gestação. Tampouco existe período gestacional seguro para o consumo. O álcool pode afetar o bebê em qualquer momento da gravidez, inclusive antes de a mulher descobrir que está grávida. Todos os tipos de bebida alcoólica são nocivos — não importa se é vinho, cerveja ou destilado.
A melhor forma de prevenir a síndrome é não consumir álcool durante toda a gravidez, nem durante o período de tentativa ou tratamento para engravidar. Sempre oriento meus pacientes sobre isso, inclusive casais em clínicas de reprodução ou em planejamento gestacional. Isso porque uma mulher pode estar grávida sem saber, por até quatro a seis semanas.
No Brasil, a síndrome é mais comum entre populações de risco, como moradoras de rua, usuárias de drogas ou mulheres em situação de vulnerabilidade social e com baixa escolaridade. No entanto, a incidência da condição vem crescendo entre mulheres com maior poder aquisitivo e grau de instrução, geralmente devido à negligência das equipes de pré-natal.
Se uma mulher está ingerindo álcool durante a gestação, nunca é tarde para parar. O cérebro do bebê está em desenvolvimento ao longo de toda a gravidez, e quanto mais cedo a interrupção do consumo, maior a proteção ao bebê. No entanto, como a síndrome não é dose-dependente, ou seja, pode ocorrer mesmo com ingestão leve e esporádica, não há como garantir a ausência de danos caso o consumo tenha ocorrido.
A síndrome alcoólica fetal é completamente evitável. Basta não ingerir álcool durante a gravidez — então, por que correr esse risco?
Em caso de dúvidas, consulte seu médico obstetra. Para orientações específicas e avaliação do bebê após o nascimento, procure um médico geneticista, que poderá realizar o diagnóstico e propor o manejo adequado.
🗓️ 09 de setembro é o Dia Mundial de Conscientização da Síndrome Alcoólica Fetal. Informação salva vidas — compartilhe!
Texto escrito pelo Dr. Caio Bruzaca, corrigido e revisado por ferramenta de inteligência artificial.